Essa queda na produção de leite provocada pela falta de alimentos, além de trazer prejuízos aos produtores de leite, afeta também às indústrias, pois tem como conseqüência a diminuição da oferta de leite e também a sua qualidade. A escassez de alimentos volumosos tem como conseqüência a diminuição da gordura e dos sólidos do leite, fazendo com que a indústria necessite de mais leite para a produção de um quilo de leite em pó, por exemplo. Como atualmente a grande maioria das empresas possui um sistema de pagamento de leite com valorização na qualidade é inevitável que os produtores sejam prejudicados também no preço recebido pelo litro do leite comercializado.
Ainda em relação à qualidade do leite existe a tendência da CBT (Contagem Bacteriana do Leite) aumentar devido ao aumento da temperatura ambiental que interfere na proliferação de bactérias, é o caso principalmente de produtores que ainda utilizam resfriadores de leite de imersão, onde o leite necessita de um tempo maior para chegar á temperatura ideal de conservação. Nesses casos deve se agitar o leite várias vezes ao dia até que o mesmo chegue a temperatura inferior a 7°C. Outro fator preocupante é redução na disponibilidade de água para o consumo animal e principalmente para a higienização dos equipamentos utilizados na ordenha, o que acarreta no comprometimento microbiológico, ou seja, maior contaminação da água. Assim a água utilizada para a limpeza dos equipamentos deve ser clorada para diminuir a carga microbiológica.
Todos estes impactos já podem ser visíveis no Rio Grande do Sul e os produtores das regiões mais afetadas pela estiagem, como a região noroeste, ainda estão fornecendo aos animais silagem da safra anterior, considerada de boa qualidade. Sendo assim esses impactos serão agravados quando os produtores iniciarem o fornecimento da silagem desta safra, oriunda de lavouras de milho que estavam praticamente secas, com menor porcentagem de nutrientes.
Algumas estratégias podem ser adotadas para minimizar esses impactos, dentre elas o conforto animal e a nutrição das vacas em lactação, merecem atenção especial. A forma encontrada pelos produtores para manter a produção é aumentar o fornecimento de ração concentrada, silagem e feno. Mas existe outras estratégias que devem ser adotadas, como maximizar o pastoreio nas horas mais frescas, principalmente à noite e deixar os animais em local sombreado durante o dia com disponibilidade de água. A alimentação volumosa e concentrada deve ser fornecida no cocho duas a três vezes ao dia e deve ser balanceada para se obter o maior aproveitamento dos nutrientes, pois o consumo animal é reduzido em condições de clima desfavoráveis (altas temperaturas). Mas entende-se que cada vez mais se faz necessário investimento em irrigação para evitar perdas em conseqüência das estiagens.
Foto: André Carlos Dalmas (2012).