quinta-feira, 23 de agosto de 2012

GRANJA ORTIZ SEDIOU EVENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO LEITEIRA

A localidade de Rincão dos Maciel, localizada no município de Pirapó/RS, esteve movimentada no dia 22 de agosto. Com o objetivo de mostrar a viabilidade da atividade leiteira na região, mais de 1.000 pessoas participaram do dia de campo realizado na Granja Ortiz, entre elas, produtores de leite de varias regiões do Brasil, estudantes, profissionais do setor leiteiro e pesquisadores da área.
 
Imagem 1. Evento reuniu interessados de todo o Brasil
 
A Granja Ortiz, cujo principal produto final é o leite (52.400/litros/mês), recebe capacitação continuada de diversos especialistas do projeto PISA (Programa de Produção Integrada de Sistemas Agropecuários em Microbacias Hidrográficas), numa parceria do Sebrae, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Universidade Federal do Paraná.
 
Os resultados obtidos até agora servem de exemplo para as demais propriedades rurais. Inserida numa região característica de área com gado de corte, a propriedade logo se destaca pelo contraste de suas pastagens bem manejadas em relação às áreas de campo, predominante na região.
 
Assistido desde 2007, a imagem 2 (abaixo) mostra os resultados do trabalho em conjunto entre a família e os técnicos que assistem a propriedade:
 
Imagem 2. Gráficos de produção de leite por área e custo operacional de produção.
 
Na imagem 2, percebe-se que a produção de leite por hectare em 2012 triplicou em relação a 2008, quando esta era de 4.258 litros de leite por hectare, isso foi possível aplicando o conceito de manejo da pastagem do programa, controlando a altura de entrada e saída das vacas dos piquetes, sem rapar o pasto, deixando assim sempre uma boa proporção de folhas pós-pastejo, o que significa:

  • Maior atividade fotossintética da planta = rebrota mais rápida;
  • Maior massa de raízes;
  • Maior proteção e retenção de umidade no solo;
  • Maior incorporação de matéria orgânica ao sistema;
  • Maior ciclagem de nutrientes no sistema;
  • Otimização da adubação e redução de custos no médio prazo.
Por falar em custo, o gráfico da imagem 3 mostra a redução do custo operacional de produção no período, devido a intensificação da área de pastagens, redução no uso de concentrado e no teor de proteína do concentrado, como mostra a imagem abaixo:
 
Imagem 3. Gráficos de oferta de ração concentrada e teor de proteína bruta.
 
Além da redução no uso da ração concentrada, também foi possível reduzir o teor de proteína bruta da ração fornecida, pois sabe-se que a pastagem bem manejada e adubada garante teor alto de proteína bruta na dieta total das vacas em lactação.
 
Assim percebe-se que a melhoria das pastagens e o respectivo ajuste na dieta permitem redução no custo de produção de leite, aumentando a rentabilidade da atividade e constituindo um caminho sólido para a manutenção de propriedades rurais viáveis no ponto de vista produtivo, econômico, social e ambiental.
 
 Imagem 4. Os Participantes do evento durante visita para conhecer o sistema de Produção.
 
Outras Fotos da granja/evento:
 
 
 
 
Fotos: Calisto Pauli e Granja Ortiz.
Informações e números da Granja: PISA.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

QUAL É O CUSTO DA QUALIDADE DO LEITE?

O setor leiteiro vem sofrendo grandes alterações nos últimos anos, dentre as mudanças, a que mais se destaca é a mudança no sistema de pagamento do leite comercializado. Até então, o pagamento fora composto por um único item: o volume comercializado, porém, nos últimos anos o volume vem perdendo espaço na composição do preço de leite e a qualidade representa a realidade dos sistemas de pagamento de leite.

Diante deste cenário, os produtores buscam informações/tecnologias a fim de garantir a melhoria da qualidade e as dúvidas que surgem são as seguintes: Quanto custa produzir leite de qualidade? Qual o retorno financeiro?

Para obter o custo da qualidade do leite, deve-se somar os valores gastos com produtos necessários para se atingir os padrões ideais de qualidade no leite. Uma vez que cada propriedade utiliza esses recursos de maneira diferente, não existe um consenso em relação a participação desses produtos no custo total de produção. A quantidade de pré-dipping, pós-dipping e papel toalha que se gasta com uma vaca de 10 litros/dia, por exemplo, é a mesma quantidade utilizada com uma vaca de 20 litros/dia, porém, o custo destes produtos por litro de leite produzido é o dodro na vaca de 10 litros em relação a vaca de 20 litros. Exemplo este que também pode ser aplicado à um equipamento de ordenha de 4 conjuntos, onde em manutenção e produtos de limpeza são gastos em torno de R$ 200,00/mês. Se este equipamento ordenhar mensalmente 10.000 litros de leite, o custo será de 2 centavos por litro de leite produzido, porém se este mesmo equipamento ordenhar mensalmente 15.000 litros de leite,o custo cai para 1,5 centavos/litro de leite. Percebe-se então que a participação de alguns itens variam de acordo com a eficiência com que cada propriedade utiliza os recursos em seu  processo produtivo.

Segundo dados do ProLeite da BRF no Rio Grande do Sul, obtidos em propriedades com acompanhamento técnico, o custo do item material de ordenha tem girado entre 1,5 e 2 centavos por litro de leite, o que representa em média de 3% a 5% do custo operacional efetivo de produção.

Na tabela abaixo é apresentado os valor gastos ao mês e por litro de leite produzido com material de ordenha numa propriedade com 35 vacas lactantes, produzindo 20.000 litros de leite/mês e com um equipamento de ordenha canalizado com 4 conjuntos.

No gráfico abaixo é possível ver que o item de maior relevância é o detergente alcalino (utilizado diariamente), seguido da manutenção do equipamento (item que compreende a troca de teteiras, mangueiras e reparos de rotina no equipamento) e perfazendo um total de R$ 298,67 gasto ao mensalmente, assim é possível afirmar que o custo da qualidade nessa situação é de 1,5 centavos por litro de leite produzido.


Tendo o custo da qualidade é possível calcular o retorno financeiro esperado com base nos parâmetros dos sistemas de pagamento por qualidade. Com manejo adequado de ordenha aliado ao bom resfriamento do leite é possível produzir leite com alto padrão de qualidade (CBT = 50.000 e CCS = 400.000), o que garante, respectivamente, em média 3 e 1,5 centavos de bonificação. Isso significa um incremento na renda bruta de R$ 900,00/mês (4,5 centavos x 20.000 litros de leite).

Sendo assim, com um investimento mensal em qualidade do leite de R$ 298,67 e com uma bonificação de R$ 900,00, tem se um retorno financeiro de R$ 601,33 o que representa 200 % sobre o valor investido. Caso o produtor maximize o uso desses recursos e baixe a CBT para 20.000 e a CCS para 200.000 o ganho passa para mais de R$ 1.100,00 por mês referente a bonificação por qualidade.

Investimentos realizados afim de melhorar a qualidade do leite são fundamentais para permanência dos produtores na atividade, tornando-os mais competitivos através do fornecimento de matéria prima de qualidade, atendo a legislação vigente e tendo a oportunidade de receber um preço diferenciado.

Por: Rodrigo Zambon e Alencar Schneider.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

ALTERAÇÃO NO ÍNDICE CRIOSCÓPICO, FRAUDE OU NÃO ?


O índice crioscópico é a medida do ponto de congelamento do leite, o teste de crioscopia é utilizado em vários países do mundo, é um teste de alta precisão, a variação fica na casa de 0,02 ºH para mais ou para menos. A IN 62 estabelece que o índice crioscópico deva estar entre -0,530 Hº e -0,550 Hº (equivalentes a -0,512 ºC e -0,531ºC). Esse teste é realizado na recepção de leite para identificação de fraudes causadas pela adição de água e serve como prova para a condenação do leite. Porém, nem sempre isso é real, existem vários outros fatores que podem interferir no índice crioscópico do leite, tais como, falhas na drenagem do equipamento de ordenha, genética, disponibilidade de alimentos, estagio de lactação, fatores climáticos e nutricionais, entre outros. Esses fatores podem agir isoladamente ou associados e o índice crioscópico pode apresentar alterações.

Alem da adição de água, responsável por aumentar o índice crioscópico do leite (mais próximo de zero), quando ocorre o aumento de substâncias dissolvidas no leite, ou no caso de acidificação ou adição de substâncias reconstituintes e/ou solutos, a tendência é de se alterar o ponto de congelamento do mesmo, abaixando o seu valor (isto é, afastando de 0ºC), no caso da acidificação do leite o acido lático produzido pela fermentação também tem efeito osmótico, por isso pode reduzir (ficar mais negativo) a crioscopia do leite.
Foto 1. Crioscópico Eletrônico

Descartando a possibilidade de fraudes, devemos atentar para os seguintes fatores:

Fatores genéticos podem interferir no índice crioscópico, já que algumas raças têm maior teor de sólidos do que outras é o caso da raça Jersey em relação à raça holandês. O clima e a época do ano podem alterar produção de forragens reduzindo a quantidade de energia disponível na alimentação, consequentemente provoca a redução da lactose do leite que é um regulador da pressão osmótica do volume de leite e é responsável por 50% da depressão do ponto de congelamento do leite. A lactose, cloro, citrato e ácido lático são responsáveis por aproximadamente 80% do total da depressão do ponto de congelamento. Em um estudo finlandês, pesquisadores encontraram que o ponto médio de congelamento de amostras de leite com menos de 4,7% de lactose foi -0,537 °C e com mais de 4,8% de lactose foi de -0,544 °C.

A ingestão elevada de água logo antes da ordenha pode resultar em diminuição pronunciada da pressão osmótica do sangue e, consequentemente do leite, o que leva a elevação do índice crioscópico. Outros estudos mostram que tem tendência de aumentar do índice crioscópico em condições de elevadas temperaturas, fato que induz ao desconforto animal e modificações fisiológicas que não serão abordadas aqui.
Dietas de baixa qualidade e/ou desbalanceadas também influenciam no ponto de congelamento do leite. Amostras de leite coletadas individualmente de vacas lactantes com esse problema apresentam crioscopia menor que -0,500 Hº

Segue abaixo algumas recomendações para resolver esses problemas:
      Identificar quais os animais com problema (amostragem individual).
  Fazer um correto balanceamento da dieta, energia x proteína e volumoso x concentrado.
   No caso dos minerais é importante aumentar o teor de Potássio, Sódio, Magnésio sem aumentar o Cloro. Revisar com um nutricionista a mineralização dos animais, reforçar a quantidade de minerais para as vacas fazendo a ingestão forçada.

Por: Rodrigo Zambon.
Foto: PZL Tecnologia.

domingo, 27 de maio de 2012

SILAGEM DE MILHO


Em propriedades leiteiras, a ensilagem de milho para fornecimento de alimento aos animais durante o período de escassez (entressafra de pastagens) é uma pratica adotada há muito tempo que visa manter o escorre de condição corporal dos animais (ECC) e evitar a queda brusca de produção das vacas em lactação, porém nos últimos anos, a silagem de milho é um alimento presente na alimentação das vacas no ano inteiro, ou seja, este é um alimento importante na composição da dieta das vacas.

Tendo em vista a importância da mesma na alimentação dos rebanhos de leite, alguns pontos devem ser observados para garantir a qualidade do alimento.

ESCOLHA DO HÍBRIDO
É o primeiro passo para garantir a qualidade da silagem. Para isso deve se buscar híbridos próprios para silagem, num geral, estes possuem menor participação de fibras, maiores produção de grãos e maior digestibilidade.

PONTO DE CORTE
O ponto ideal de corte é quando a planta acumula a maior quantidade de Matéria Seca (MS) de melhor qualidade nutricional, em geral, esse momento é quando a planta apresenta o teor de MS entre 32 e 37%. Na pratica isto é identificado no momento em que os grãos estão no estádio farináceo duro (50% da linha de leite).

TAMANHO DE PARTÍCULAS
O tamanho ideal de corte da partícula é de 0,5 a 1,5 cm, isso facilita a compactação e a redução de ar no silo torna-se mais rápida.

ABRINDO O SILO
O processo de fermentação da silagem depende da compactação do silo. Quando esta etapa é bem realizada, o silo pode ser aberto em 21 dias após o seu fechamento, geralmente espera-se pelo menos 30 dias.

QUALIDADE DA SILAGEM
No campo, uma boa silagem tem cheiro agradável e levemente ácido cor clara (verde e amarelada ou bege), textura firme (não molha quando comprimida na mão) e rica em grãos. O ideal, sempre que se abrir o silo, é realizar uma analise bromatológica para ter o conhecimento da qualidade nutricional do produto.

INTERPRETANDO UMA ANÁLISE BROMATOLÓGICA
Matéria Seca: é o peso total da silagem, descontada toda a umidade (água).  Na matéria seca estão contidos os nutrientes que as vacas irão transformar em leite. O ideal é que esteja entre 32 e 37%.
Fibras: existem duas frações que devem ser analisadas:
a)       FDN (Fibra em Detergente Neutro): os valores considerados ideais devem ficar entre 45 e 52 % da MS. Como os grãos tem pouca fibra, valores abaixo, indicam silagem com muito grão e valores acima de 52 indicam pouco grão na silagem.
b)       FDA (Fibra em Detergente Ácido): indica a porção de fibra de baixa qualidade que esta diretamente relacionada com a menor digestibilidade da silagem.
 NDT (Nutrientes Digestíveis Totais): quanto mais alto melhor. Valores acima de 68% já podem ser considerados elevados para silagem.
PB (Proteína Bruta): os valores de proteína da silagem podem variar de 5 a 10%. A proteína não deve ser o principal item na avaliação da qualidade da silagem, pois metade da proteína, devido ao processo de fermentação é convertida em nitrogênio não proteico (NNP), ou seja, de baixa qualidade.

CUSTOS DE PRODUÇÃO
O custo de produção da silagem esta relacionado com a quantidade de matéria seca produzida. A maneira mais eficiente de produzir silagem de milho com menor custo é investir em lavouras de alta produtividade, ou seja, a maior produção de MS e matéria verde por hectare diminui o custo da tonelada do produto ensilado. De maneira geral, o custo da tonelada de MS/ha produzida tem girado entre R$ 180,00 a 270,00, e, em massa verde isso representa entre R$ 55,00 e 85,00 a tonelada/ha. Segundo dados do BALDE CHEIO/PROLEITE.

Foto: Ensilagem de milho em Augusto Pestana (Alencar Schneider).

segunda-feira, 21 de maio de 2012

BALDE CHEIO: TÉCNICOS DA BRF REALIZAM TROCA DE EXPERIÊNCIAS

No intuito de promover o fomento a propriedades leiteiras no RS, a BRF Brasil Foods S.A vem, por intermédio da Cooperideal (Cooperativa para a Inovação e Desenvolvimento da Atividade Leiteira); desenvolvendo o Projeto Balde Cheio, projeto esse que tem por finalidade levar até as propriedades assistidas, tecnologias que possibilitem aos produtores maior renda/lucro com menores custos.
Com essa proposta, os técnicos da empresa acompanham as visitas feitas pela Cooperideal e, após treinados, passam a multiplicar esses conhecimentos e tecnologias em outras propriedades, a fim de fidelizar produtores e auxiliá-los nas tomadas de decisões dentro de suas unidades de produção.
No dia de hoje (21); como parte deste treinamento e sob a coordenação de Moisés Araújo, os técnicos da empresa estiveram visitando a propriedade do Sr. Jeferson/Isolde Berti, na localidade Esquina Bela Vista, Três de Maio. Conhecer as praticas de manejo que o mesmo adota em sua propriedade, bem como seus respectivos indicadores (econômicos e zootécnicos); fora um dos objetivos da visita.
Foto 1: Equipe Técnica durante a tarde de campo com o produtor.

Num primeiro momento, o técnico Anderson Danette explanou os resultados atingidos nos últimos 12 meses na atividade leiteira. Dentre eles, o que mais chama a atenção é o baixo custo de produção (em torno de 0,18 centavos por litro, sendo que o custo médio das propriedades assistidas e com produção semelhante gira em torno de 0,32 a 0,36 centavos). Tal indicador se deve ao fato do produtor em questão não fornecer alimentos concentrados aos animais lactantes, oferecendo apenas alimentos volumosos de alta qualidade, provindos de uma área de 12 hectares utilizados para a produção leiteira. Tal área recebe com freqüência dejetos de suínos produzidos na propriedade, o que permite uma produtividade da terra superior a 10.000 litros de leite/há/ano, índice este que por sua vez é considerado satisfatório mediante ao sistema adotado.
Foto 2: Técnico Anderson Danette apresentando os indicadores da propriedade.

      Atualmente a propriedade produz em torno de 410 litros de leite/dia, obtidos da ordenha de 28 vacas em lactação alimentadas exclusivamente com pastagem/silagem de aveia e minerais.
Foto 3: Pastagem de aveia em sistema de pastejo rotacionado.

Durante a visita, Berti salientou a importância da assistência técnica para permanência do produtor na atividade e garantir a qualidade de vida no campo. Ele relata que por meio do programa balde cheio, passou a realizar anotações e controlar suas despesas/receitas, bem como a tomar decisões baseadas nos indicadores atingidos, realidade esta que ate então não era observada.
Foto 4: Técnico Gilson Gerlach mostra o alto potencial da aveia bem adubada.

Percebe-se, segundo o depoimento, que o programa fora, sem duvida alguma, fundamental para a evolução e ao mesmo tempo satisfação dos envolvidos para com a atividade. Fica explicita pela parte do produtor a vontade em continuar a receber o acompanhamento e, para os técnicos, a necessidade/motivação em absorver e aperfeiçoar cada vez mais conhecimentos, convertendo-os em resultados, crescimento profissional e fidelização.

Mais fotos da tarde de campo:
Fotos: Clécio Capeletti.

domingo, 20 de maio de 2012

200 DIAS DE ESTIAGEM AFETAM A PRODUÇÃO LEITEIRA NO RS

A estiagem que afeta todo o Rio Grande do Sul está causando impactos na área da agricultura e pecuária, desde novembro de 2011 não chove em volume significativo capaz de amenizar a situação. Atualmente são 291 municípios em situação de emergência.



Foto: Diego Vara.

Desde o inicio do ano a produção de leite caiu 10% em relação aos 9 milhões de litros diários produzidos em janeiro, essa perda é reflexo da falta de água nas principais bacias leiteiras e do período de transição de pastagens para o gado. Situação esta que ainda poderá ser agravada pelo fato dos produtores estarem fornecendo silagem de milho e feno estocado para amenizar as perdas, assim os efeitos devem ser sentidos ainda nos próximos meses, pois as pastagens de inverno não estão se desenvolvendo e o estoque de alimentos está sendo fornecido antecipadamente, coisa que só aconteceria em junho e julho.

A principal preocupação neste momento é com os reservatórios e cursos d’ água, pois as pastagens ainda possuem condições de se recuperar, porém o gado precisa de água de qualidade para manter os níveis de produção.

Além dos prejuízos gerados nas lavouras de soja, onde foi possível verificar baixas produtividades, o plantio das áreas de trigo também esta atrasado, produtores aguardam a chuva para iniciar o plantio das lavouras.
Apesar deste cenário, as previsões de chuva são animadoras, pois as pastagens se recuperam rapidamente.
A foto acima mostra um reservatório de água da propriedade de Jeferson Berti, de Três de Maio, que foi afetado pela estiagem prejudicando a quantidade e a qualidade da água.


segunda-feira, 30 de abril de 2012

SEMINÁRIO DO LEITE NA FENASOJA ACONTECE NO DIA 04 DE MAIO

Durante a Fenasoja 2012 estará sendo realizado o 5° Seminário do Leite onde será discutidos temas como irrigação, produção leiteira, pesquisas desenvolvidas para a região noroeste e a diversificação produtiva nas terras baixas.

O seminário acontece a partir das 14 horas do dia 4 de maio (sexta-feira) no Centro Administrativo do Parque Municipal de Exposições Alfredo Leandro Carlson, com os seguintes assuntos:

1 - Mais Água, Mais Renda – Coordenador técnico do Programa de Expansão da Agropecuária Irrigada – Paulo Lipp João;
2 – Desafios para crescer com leite – Wilson Zanatta – Presidente do Sindilat RS;
3 – Novos horizontes para a diversificação das terras baixas – Claudio Pereira – Presidente do Irga.

Foto: Vaca Jersey que já produziu 20 caixas de leite (caixa de 2.000 litros exposta na feira).

No Leite Show RS, exposição voltada à pecuária leiteira, estão as vacas e novilhas campeãs do concurso de leite e sólidos da feira em 2012 e também a vaca Jersey (foto acima) que produziu 44.217 kg de leite em 2254 dias de lactação, ou seja, uma média de 19, 61 kg de leite por dia. Com média de gordura de 4,71% e de proteína de 3,80%, ela produziu até o momento 2084 kg de gordura e 1679 kg de proteína.
Fotos: Anderson Danette

CONHECIDOS OS CAMPEÕES DO CONCURSO LEITEIRO E DE SÓLIDOS DA FENASOJA 2012

O Concurso Leiteiro da 19ª Fenasoja, que iniciou na sexta-feira com a primeira ordenha, encerrou neste final de semana, com o tradicional Banho de Leite, nos produtores dos animais premiados. A Feira divulgou também os vencedores no Concurso de Sólidos, que premia a quantidade de sólidos presentes no leite e a qualidade.

Na categoria jovem holandesa a vaca CR Herby 839 Bond C.S.P, da Cabanha Rottili Rodrigues, de Santo Augusto, levou o primeiro lugar, com uma produção de 63.340 quilos de leite. Na categoria adulta holandesa venceu a vaca C.Rodrigues Rob 467 Congo CR, também da Cabanha Rottili Rodrigues, com uma produção de 66.800 quilos. O mesmo animal foi o campeão no concurso de sólidos, com 7,67 quilos de sólidos no leite.

Na raça Jersey, a campeã na categoria jovem foi Gema Escala Alfa Dunkirk, da Cabanha Gema, de Santa Rosa, com produção de 40.650 quilos. Na categoria adulta a campeã foi Ancora Keeper do Cinco Salsos 588, da Cabanha da Maya Pap, de Bagé, com 57.715 quilos. No concurso de sólidos da raça, a campeã foi a vaca Cotrijui 10835 EG Betina, com 6.78 quilos de sólidos no leite.

A 19ª Fenasoja segue até o dia 06 de maio, no Parque Municipal de Exposições em Santa Rosa. Nesta segunda-feira ocorrem julgamentos morfológicos das raças Jersey e Holandesa.

FONTE: ClicRbs e Assessoria de imprensa da Fenasoja.

domingo, 29 de abril de 2012

COM A CHEGADA DAS PASTAGENS DE INVERNO

Geralmente após um período de restrição alimentar como ocorreu nos meses anteriores em decorrência da seca, onde produtores sofreram com a falta de silagem ou feno, observaram-se problemas com o rebanho o que refletiu em queda da produção leiteira, emagrecimento, debilitação e enfraquecimento dos animais.
Mas, o problema maior é que estas fêmeas podem ficar com leves ou graves distúrbios reprodutivos. Distúrbios estes que poderão ser desde atrasos no aparecimento de cio fértil após o parto como retenção de placenta, infecções uterinas e infertilidade permanente.
A carência de nutrientes é mais grave nas novilhas que ainda estão desenvolvendo o seu organismo e já se encontram prenhas e nas vacas de alta produção (acima de 25 litros/dia ) que não recebem suplementação no cocho, do que nas vacas de produção inferior. Todas estas dificuldades tendem a se findar com a chegada das pastagens de inverno, mesmo que tardiamente. A aveia e principalmente o azevém possuem muitos nutrientes entre eles as proteínas e pró-vitaminas (A D E), além de serem de ótima palatabilidade e digestibilidade, as vacas gostam mesmo.
O uso racional da cerca elétrica é de grande valia para que possamos triplicar a área de utilização das pastagens, e desta forma fornecer sempre uma forragem tenra e nutritiva por mais tempo possível. Além do piqueteamento poderemos utilizar o plantio escalonado (2,3,4 áreas plantadas em épocas diferentes) e a adubação com nitrogênio.
Apesar das pastagens de inverno ser excelentes para a produção e para a engorda deve-se alertar ao risco de descalcificação que elas trazem. É, as pastagens de aveia e azevém são muito energéticas e forçam os animais a produzirem leite, porém são  muito pobres em Cálcio e Fósforo, pouco contribuindo com esses elementos. Comumente vemos vacas gordas recém paridas serem cometidas pela Febre do Parto ou Febre Vitular em meses de plena utilização de pastagens destas espécies supracitadas.

Portanto cuidado!

Utilize sal mineral de boa qualidade e em quantidade recomendada para cada animal conforme a produção e o peso vivo dos animais. E para vacas em final de gestação, no último mês, recomenda-se o uso do sal mineral Pré- Parto para tentar evitar a febre vitular. Bem alimentadas e bem suplementadas as vacas superarão as deficiências em pouco tempo e se tornarão novamente produtivas.
Foto 2: Aveia na proprieadade de Jeferson Berti, Três de Maio (21/05/2012)
Foto 3: Eladio Dalcin mostrando a aveia na propriedade, Jóia-RS (10/05/2012).

Matéria de: Rodrigo de Mattos Zambon
Fotos: Alencar Schneider e Gabriel da Silva.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

RS: A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE

Foto: Paixão Capixaba

Por muito tempo, a cadeia produtiva do leite no RS teve, em diversas regiões, certas peculiaridades que propiciaram ao produtor poucas ou apenas uma opção para a venda do seu produto (monopsônio). A desregulamentação do setor (capaz de aumentar a concorrência entre as empresas); a consolidação do Mercosul, a abertura comercial ao exterior e a implantação do Plano Real (capaz de gerar aumento na demanda por lácteos, visto inserir no mercado de consumo pessoas consideradas de pouca/baixa renda);  são acontecimentos importantes ocorridos a partir da década de 90, responsáveis de maneira significativa por transformações no cenário que se via instalado.

Em vista a tais acontecimentos, esta situação começa a ser verificada de maneira diferente a partir do ano de 2004: Observa-se, desta data em diante, um aumento significativo no número de empresas captadoras, principalmente em regiões tidas como destaque para tal atividade (o que gera desenvolvimento em várias esferas); como é o caso do Norte do estado (devido à perecibilidade do produto e da oneração dos custos de transporte e de negociação). Tal situação gerou, de maneira gradativa, um aumento na disputa pela matéria prima, possibilitando ao produtor maiores opções para a venda de sua produção e mudanças nas características das transações entre agricultor e empresa processadora, a partir da intensificação da concorrência na aquisição da matéria prima local.

As transações entre empresa captadora e fornecedor de leite geralmente não foram/são estabelecidas por contratos formais (exceto em transações baseadas no Conseleite e Cepea). Desse modo, o produtor decide quando deseja parar de fornecer o produto à empresa.

Nos tempos/regiões em que a estrutura de monopsonio (apenas uma/poucas empresas captadoras) predominava; não havia definição prévia dos preços a ser pago pelo leite coletado, fato este que poderia ocasionar ações oportunistas por parte do comprador. Com o advento da concorrência, as negociações passaram a ser mensais e pré-estabelecidas por meio de contratos informais de curto prazo. Percebe-se que nesse sentido existem ações oportunistas por parte de alguns produtores, que por sua vez mesmo estando satisfeitos com o preço recebido, demonstram insatisfação, realizando pressão e ameaça para migração de empresa no intuito de conseguir melhor remuneração pelo seu produto.

Quanto às políticas de formação de preços, nota-se certa indefinição por parte de algumas empresas. O volume produzido se mantém como o maior critério e, o aumento/diminuição do mesmo, faz com que os preços praticados venham a se diferir. Testes de laboratório no intuito de avaliar a qualidade do leite vêm se tornando mais freqüentes e, com eles, o desenvolvimento de programas baseados na remuneração pela qualidade do produto entregue, ação esta que sem dúvida traduz-se em estímulo à melhoria contínua da qualidade, em ganhos financeiros/sanitários ao produtor, de rendimento às empresas que o praticam e na qualidade do produto final para o consumidor.

Contudo, é comum observar migrações de produtores que comercializam seu produto a uma empresa que remunere pela qualidade da matéria prima para outra que sequer realiza avaliações: O fato de receber uma oferta mais atraente perfaz um motivo sólido para o encerramento/início de uma negociação. Infelizmente, ao passo em que se vê nas ações voltadas à melhoria da qualidade uma maneira de impulsionar a cadeia, promover exportações, entre tantos outros, têm-se também um contraponto: Para uma percentagem de produtores, essas ações são vistas como oportunas e estão relacionadas à redução dos preços praticados, em vista a crença na adulteração de resultados.

Se por um lado o aumento da concorrência (oligopsonio); causou o oportunismo por parte do fornecedor e a freqüência nas transações, refletindo de maneira direta no aumento do custo das negociações, por outro propiciou mudanças importantes na cadeia. O desenvolvimento de estratégias capazes de aumentar o vínculo/tempo de relação entre empresa/produtor são ações importantes e vem sendo praticadas por certas empresas (mesmo que na sua maioria de maneira ainda frágil); no intuito de tornar as negociações mais sólidas e duradouras.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

MAIORES FAZENDAS PRODUTORAS DE LEITE DO BRASIL E DO RS

O MilkPoint realiza desde 2001 o levantamento Top 100, que reúne os 100 maiores produtores de leite do Brasil. O objetivo é conhecê-los e desenhar a geografia do leite. O Top 100 2012 tem como base as maiores fazendas leiteiras do ano de 2011.
Dentre as maiores propriedades leiteiras do Brasil vale destacar a Granja 4 Irmãos S.A., que em 2011 produziu em média 18.342,26 kg/dia, o que fez com que a mesma assumisse o posto de número 10 no ranking do Brasil. A Granja esta situada na cidade de Rio Grande e atualmente já esta com a produção diária superior a 20.000 kg de leite/dia.
Tabela 1. Dez Maiores fazendas leiteiras do Brasil. (Fonte: MilkPoint)
No ranking das 100 maiores fazendas produtoras de leite no Brasil, estão presentes 8 fazendas gaúchas, como pode se ver na tabela 2.
Tabela 2. Oito Maiores fazendas produtoras de leite no Rio Grande do Sul. (Fonte: MilkPoint) 
Nesse ranking podemos observar três propriedades da região Noroeste do Estado. A fazenda dos Irmãos Strobel S/A de Condor, a Cabanha CR, de Antonio Carlos Machado Rodrigues em Santo Augusto e a Fazenda e Agropecuária Acatrolli de dois Irmãos das Missoes, que fica próximo ao município de Palmeira das Missões.
Outro dado importante divulgado pelo estudo é o custo médio de produção de leite nas 100 maiores propriedades leiteiras, onde em 2011, 45,5% dos produtores tiveram um custo operacional entre R$ 0,75 a R$ 0,85 por litro de leite. Em seguida, a faixa de R$ 0,65 a R$ 0,75 foi citada por 23,2% dos produtores. Em terceiro lugar a faixa de custo escolhida por 18,2 % dos produtores foi a de R$ 0,55 a R$ 0,65 por litro, seguida de 12,1% dos produtores que tiveram um custo operacional acima de R$ 0,85 por litro. Apenas 1% dos maiores produtores tiveram custo abaixo de R$ 0,55 por litro.


Gráfico 1. Estratificação do Custo médio de produção nas 100 maiores fazendas leiteiras do Brasil.

FONTE: Matéria adaptada do MILKPOINT.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

ANTIBIÓTICOS COM CARÊNCIA ZERO

Cada vez mais há certo conflito entre produtores, laboratório fabricante de medicamentos e indústrias de laticínios sobre as condenações de leite com resíduos de antibiótico.  A principal doença hoje nos rebanhos leiteiro é sem duvida alguma a mastite ou mamite como alguns chamam, essa doença é responsável por grandes perdas aos produtores de leite, visto que um caso de mastite trás um prejuízo muito grande, que varia normalmente entre 300 e 400 reais dependendo da severidade do caso, isso faz com que os produtores busquem produtos antibióticos com período de carência cada vez menor, pois assim eles precisam descartar o leite por menos tempo e assim reduzir esse prejuízo. Vários laboratórios de antibióticos trazem na bula a informação de “descarte zero”, porém a informação de como administrá-los nem sempre chega corretamente até os técnicos e produtores de leite

Acompanhado o histórico de condenação de leite em algumas unidades de recebimento de várias empresas, se percebe que há uma falta de esclarecimento dos técnicos e produtores sobre o leite condenado e, em muitos casos a relação produtor indústria fica abalada. Existem hoje no mercado alguns medicamentos à base de Ceftiofur que trazem na bula que o descarte do leite é zero (sem carência). Os produtos que possuem indicação em bula de descarte zero podem ter resíduos no leite, ou seja, descarte zero não significa resíduo zero, os antibióticos a base de Ceftiofur são indicados para via de administração sistêmica (intramuscular) e geralmente em indicações para doenças respiratórias e problemas de casco. Estes produtos não têm indicação para tratamento de mastite e não devem ser usados por via intramamária (a não ser produtos com formulação em forma de bisnagas intramamárias, como o Spectramast, o qual tem período de descarte).

Segundo as empresas que comercializam estes produtos a base de Ceftiofur com descarte zero, a metabolização da droga permite que em um intervalo entre duas ordenhas (12 horas) a concentração dos resíduos esteja abaixo do limite máximo determinado pelas agências internacionais (Codex Alimentarius e FDA). Sendo assim, estes produtos são aprovados em países como EUA, mas não devem ser usados para tratamento de mastite.

Os limites máximos de resíduos são determinados por órgãos internacionais como o Codex Alimentarius (FAO e OMS) ou FDA (EUA). Estes limites são baseados em estudos científicos e no emprego de fatores de segurança para garantir a saúde  e inocuidade, mesmo para uma pessoa que consuma um determina quantidade de alimento (no caso o leite) todos os dias da vida. Sendo assim, o período de carência deveria ser o tempo necessário para que a droga estivesse abaixo do limite máximo e não necessariamente que o limite seja zero. Veja o caso do Ceftiofur. Na União Européia o limite máximo permitido é de 100 ppb e se o leite estiver abaixo deste limite pode ser consumido e industrializado normalmente. Um dos principais problemas é que nem sempre os limites de detecção dos testes rápidos funcionam de forma adequada para todos os antibióticos. Alguns deles foram desenvolvidos somente para algumas classes de antibióticos.


Tabela 1.1 Níveis máximos permitidos no leite de resíduos de drogas aprovadas para uso veterinário. Nível máximo permitido de resíduos (ppb).

Recentemente, as empresas quando realizam o registro de antibióticos ou renovam o registro tem que apresentar estudos sobre resíduos para o MAPA aprovar, estudos esses que devem ser feitos em instituições idôneas e sem vínculos aos laboratórios fabricantes. Anteriormente, os registros eram baseados, em alguns casos, somente em dados de literatura cientifica, o que nem sempre era uma garantia de que uma determinada formulação e dosagem ou esquema de aplicação tivesse um período de carência adequado. Alguns laboratórios até usavam dados de estudos feitos por outros laboratórios quando testavam o mesmo principio ativo e a mesma concentração do produto, porém não era uma amostragem real do produto em questão.

O Brasil adota pela legislação dos limites do Codex (principalmente) ou FDA (em alguns casos). Desde a antiga IN 51, agora IN 62 que para muitos não é clara o suficiente para o entendimento dessas questões, podem interpretar que a IN 62 menciona que os resíduos de antibióticos devem atender ao programa nacional de controle de resíduos do MAPA, já outros ao ler a norma entendem que a IN 62 menciona que as indústrias de laticínios não devem tolerar nenhum resíduo de antibiótico no momento do recebimento do leite.
Os medicamentos a base de Ceftiofur podem deixar até 100ppb (limite Máximo UE) e o fabricante informa na bula que não tem carência, porem a grande maioria das empresas utilizam em suas analises para identificar a presença de resíduos de antibióticos os kits de detecção rápido de antibióticos. Testes estes que são qualitativos e não quantitativos, podendo assim dar um resultado de antibiótico positivo e ter concentração de resíduo abaixo do permitido (100ppb no caso do Ceftiofur), ou seja, mesmo que os produtores apliquem o medicamento de forma correta, respeitando o prazo de 12 horas entre ordenha, dosagem e via de administração, o teste pode apresentar um resultado positivo para esse principio de antibiótico. Vale ressaltar que não existe nenhuma autorização formal para o uso de kits para detecção de resíduos de antibióticos no leite.
A DILEI já cobrou dos fabricantes dos kits de detecção rápida de antibiótico que aprimorem seus produtos para que esses tenham seus limites de detecção compatíveis com os Limites Máximos de Resíduos (LMR) dos princípios ativos mais utilizados, porem esse processo é lento. A prioridade sem duvida é a saúde publica, portanto as indústrias não devem receber leite que apresente resultados positivos para antibiótico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O problema de tudo isso começa já na venda desses medicamentos, pois por não terem carência no leite são vendidos com o custo mais alto do que os demais produtos e na maioria das vezes, não é explicado ao produtor que carência zero não é sinônimo de resíduo zero e então o produtor não toma os devidos cuidados na dosagem, forma de aplicação e intervalos entre as ordenhas, ex: se o produtor acabou de ordenhar suas vacas as 07h00minh e aplicar esse medicamento e as 17h00minh, quando ordenhar novamente, a chance de apresentar resíduo é muito grande, pois não foi respeitado o intervalo de 12 horas, além disso, a dosagem do produto por peso vivo do animal quase nunca é respeitada, pois a maioria dos produtores nem sabem o real peso de seus animais, é sempre o “eu acho que pesa...”, alem de que a metabolização e excreção da droga pelo animal dependem de vários outros fatores, como idade, estágio de lactação, produção, etc.. Outro fator importante é que as empresas também se utilizam de um teste que seria para fazer uma triagem já para tomar uma decisão final, condenar o leite, e isso sempre pode acarretar em falhas. É bem verdade que não temos disponíveis testes quantitativos, rápidos e práticos para detectar resíduos de antibióticos, os testes existentes hoje são caros, os resultados demoram muito e ainda são pouco acessíveis, pois requer estrutura laboratorial sofisticada e pessoal altamente treinado, o que torna impossível de ser utilizado no dia a dia, então a saída até que não seja mudada essa metodologia é: Quem vende orientar melhor os produtores sobre a maneira correta de se aplicar esse tipo de medicamento e fazer o teste rápido após as 12 horas decorridas da aplicação, quando não for possível de fazer esse teste é recomendado descartar o leite no mínimo uma ordenha, em propriedades que fazem duas ordenhas ao dia e descartar o leite de duas ordenhas em propriedades que fazem três ordenhas por dia.
Postado por: RODRIGO DE MATTOS ZAMBON
Foto: TVECORURAL

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ESTIAGEM REDUZ A OFERTA E PREJUDICA A QUALIDADE DO LEITE

A estiagem que atinge o Rio Grande do Sul vem acumulando perdas para os produtores de leite e para o gado leiteiro. Dentre as principais perdas, a produção de leite acumula prejuízos aos produtores devido à baixa disponibilidade de pastagens o que afeta também o peso dos animais, levando até a morte em casos mais extremos. A redução na produtividade é variável de acordo com as regiões, mas estimam-se perdas em torno de 12% de acordo com Jorge Rodrigues, produtor de leite da BRF e presidente da FARSUL. Essa perda é influenciada devido às condições climáticas e a estrutura dos produtores de leite. Produtores bem estruturados percebem impactos menores, pois possuem um estoque maior de alimentos, principalmente silagem e feno, que permite aumentar o fornecimento desses alimentos quando a oferta de pastagem diminui mantendo a média de produtividade, porém nestes casos o que se observa é o aumento dos custos de produção. No caso dos produtores com baixa infraestrutura, as perdas são maiores devido à falta de alimento volumoso.

Essa queda na produção de leite provocada pela falta de alimentos, além de trazer prejuízos aos produtores de leite, afeta também às indústrias, pois tem como conseqüência a diminuição da oferta de leite e também a sua qualidade. A escassez de alimentos volumosos tem como conseqüência a diminuição da gordura e dos sólidos do leite, fazendo com que a indústria necessite de mais leite para a produção de um quilo de leite em pó, por exemplo. Como atualmente a grande maioria das empresas possui um sistema de pagamento de leite com valorização na qualidade é inevitável que os produtores sejam prejudicados também no preço recebido pelo litro do leite comercializado.

Ainda em relação à qualidade do leite existe a tendência da CBT (Contagem Bacteriana do Leite) aumentar devido ao aumento da temperatura ambiental que interfere na proliferação de bactérias, é o caso principalmente de produtores que ainda utilizam resfriadores de leite de imersão, onde o leite necessita de um tempo maior para chegar á temperatura ideal de conservação. Nesses casos deve se agitar o leite várias vezes ao dia até que o mesmo chegue a temperatura inferior a 7°C. Outro fator preocupante é redução na disponibilidade de água para o consumo animal e principalmente para a higienização dos equipamentos utilizados na ordenha, o que acarreta no comprometimento microbiológico, ou seja, maior contaminação da água. Assim a água utilizada para a limpeza dos equipamentos deve ser clorada para diminuir a carga microbiológica.

Todos estes impactos já podem ser visíveis no Rio Grande do Sul e os produtores das regiões mais afetadas pela estiagem, como a região noroeste, ainda estão fornecendo aos animais silagem da safra anterior, considerada de boa qualidade. Sendo assim esses impactos serão agravados quando os produtores iniciarem o fornecimento da silagem desta safra, oriunda de lavouras de milho que estavam praticamente secas, com menor porcentagem de nutrientes.

Algumas estratégias podem ser adotadas para minimizar esses impactos, dentre elas o conforto animal e a nutrição das vacas em lactação, merecem atenção especial. A forma encontrada pelos produtores para manter a produção é aumentar o fornecimento de ração concentrada, silagem e feno. Mas existe outras estratégias que devem ser adotadas, como maximizar o pastoreio nas horas mais frescas, principalmente à noite e deixar os animais em local sombreado durante o dia com disponibilidade de água. A alimentação volumosa e concentrada deve ser fornecida no cocho duas a três vezes ao dia e deve ser balanceada para se obter o maior aproveitamento dos nutrientes, pois o consumo animal é reduzido em condições de clima desfavoráveis (altas temperaturas). Mas entende-se que cada vez mais se faz necessário investimento em irrigação para evitar perdas em conseqüência das estiagens.

Foto: André Carlos Dalmas (2012).